Ao final da minha sessão do filme Babygirl (2024), inúmeros pensamentos encheram minha mente até então vazia. Alguns eram relacionados ao final duvidoso, outros ao aspecto do thriller nesse suposto thriller-erótico, mas todos invariavelmente me levavam, após um caminho sinuoso, até a peruca de Nicole Kidman. Acho a assombrosa peruca muito paradigmática. Nada que eu possa dizer será novo, a peruca já o exemplificou, todos os problemas do filme estão escondidos naquele emaranhado de fios ruivos sintéticos. A função desse texto, por mais estranha que pareça ao leitor, é traduzir o que o símbolo acidental diz para aqueles de ouvidos mais atentos, transformar em palavras o que nos é mostrado despretensiosamente de modo imagético. O que é a peruca? Por que a peruca? Quem somos nós quando reprimimos nossos desejos? Quem somos nós quando cedemos aos nossos desejos? Quem está no controle? O que é estar no controle? Por que a peruca?
O INÍCIO DE UMA INVESTIGAÇÃO SIMBÓLICA
Babygirl é um thriller-erótico que acompanha o envolvimento de Romy Mathis (Nicole Kidman), CEO de uma empresa que atua no mercado de automação do processo de entregas a domicílio e exportação, com um estagiário esquisito de sorrisinho ciníco (Harris Dickinson). Tudo efetivamente começa quando Romy, em uma caminhada até o trabalho, assiste Samuel habilmente domar um cachorro que escapou da coleira do dono. Sexualmente insatisfeita com o marido e assombrada por vídeos pornográficos que retratam dinâmicas de BDSM, ela vê no estagiário a dominância necessária para concretizar suas fantasias de ocupar um papel submisso. Samuel, uma figura curiosíssima em todos os seus trejeitos, percebe imediatamente o interesse de Romy e age de maneira descompensada até finalmente convencê-la a visitá-lo num hotel sujo e mal iluminado. Após uma leve e desajeitada cena1 de pet play, os dois dão início a um relacionamento baseado na ideia de explorar os fetiches que têm em comum.
Alguns símbolos do filme são óbvios: o barulho do sino de uma coleira de cachorro, por exemplo, foi incorporado à trilha-sonora do trailer; o copo de leite que Samuel faz Romy beber durante um jantar empresarial foi referenciado até em premiação. Os dois são métodos de dominação e representam o desejo reprimido de Romy, que, em sua jornada girlboss até o topo da cadeia alimentar, teve que esconder as partes mais sórdidas de si mesma. Os autômatos responsáveis pela revolução que a sua empresa promete também são outro símbolo gritante. Romy é tão fria e mecânica que sua assistente faz uma piada sobre ela ter sido criada por uma família de robôs.
Outros símbolos estão restringidos à cabeças específicas. Metaforicamente, à minha. Literalmente, à de Nicole Kidman. Anos atrás, Kidman resolveu que não iria mais submeter seu cabelo aos inúmeros processos químicos necessários para entrar num personagem. Ela decidiu de modo irrevogável que gostaria de ser uma loira tingida saudável. O que isso significa? Que a atriz obviamente não iria ficar ruiva para o papel de Romy Mathis e que precisariam de uma peruca para as filmagens. E claro que a peruca em questão seria um pavoroso bob longo ruivo de fios de aparência asperamente sintética. Logo no início do longa metragem, vemos Romy se arrumando para mais um dia de trabalho no espelho de seu luxuoso banheiro. Vemos seu coque desgrenhado estático, a falta de movimento nos fios, a raiz meio uncanny valley. Ela termina a maquiagem e sai para enfrentar o dia, trajando sapatilhas, um casaco bege da Zara e uma expressão blasé.
Como disse anteriormente, a peruca, um símbolo acidental resultado da preocupação de Kidman com a calvície química e da incapacidade de sua equipe de conseguir um bom emaranhado de fios, é paradigmática. Mais do que o sino, o copo de leite e os robôs, ela nos mostra as engrenagens de Babygirl, sendo capaz até mesmo de nos explicar a razão de o final ser tão anticlimático. Mas calma! Antes, voltemos ao dia em que o TikTok descobriu a existência de figurinistas…
MULHERES APAIXONADAS TÊM CABELO CACHEADO & A FALÁCIA CAPILAR
[spoilers do filme Babygirl abaixo.]
Em dezembro do ano passado, uma menina quase apanhou virtualmente no aplicativo X por compartilhar um vídeo da protagonista de Como Perder um Homem em 10 Dias (2003), Andie Anderson, com uma legenda que dizia algo como “mulheres apaixonadas têm cabelo cacheado”. A ideia dessa pobre coitada não era ilustrar o planejamento que vai no figurino e maquiagem de um filme, mas sim tentar provar a Teoria Capilar, inventada por especialistas do TikTok. Segundo os doutores, mulheres preferem deixar o cabelo natural quando estão apaixonadas e, quando ainda estão no elusivo mercado de maridos, fazem penteados e procedimentos de alisamento. Se você for mais esperto, vai ver que uma coisa não tem a ver com a outra e que, na verdade, nada disso existe. O que tem a ver aqui é que um filme propositalmente orquestrou uma mudança de penteado para sinalizar visualmente o momento em que a protagonista deixa de fingir e se permite vulnerabilidade.
Voltemos rapidamente ao nosso objeto de estudo.
Iniciamos Babygirl com Romy e seus coques desgrenhados, presos pela mão invisível de Deus (ela notoriamente nunca prende seu cabelo com nada, ele apenas existe naquele estado). A moda evangélica é o que escolhe como uniforme de trabalho, mantendo-se recatada nas estampas e nos cortes. Ela é acessível e contida, seu guarda-roupa desprendido de ideias como dinheiro e status — o que é uma maneira educada de dizer que tudo que ela veste parece comicamente barato para uma mulher que é a face de uma revolução pautada em Inteligência Artificial. Não creio que o aspecto barato seja proposital, mas a moda evangélica é parte de um teatrinho que Romy monta com ela mesma. Ela faz o café da manhã das filhas de avental, algo que seu marido abertamente chama de “ridículo”. E é verdade. Eles são milionários. Facilmente Romy poderia contratar alguém para assumir suas tarefas em casa, mas ela opta pelo avental. Ela é mãe, esposa e empresária. Ela é a face de uma revolução. Ela é ruiva. Ela está profundamente infeliz.
Descobrimos que Romy tem esse nome caricato porque foi criada numa seita, tendo sido doutrinada por um guru em uma comuna conservadora e eventualmente escapando. Para superar esse capítulo da sua vida, ela reprimiu tantas memórias que desencadeou uma repressão generalizada das mais variadas partes dela mesma, a mais marcante sendo a sexualidade. Sendo incapaz de comunicar suas preferências de modo sério e casada com um homem que se recusa a enxergar nuances no prazer feminino, Romy está efetivamente aprisionada num relacionamento heterossexual tradicional até conhecer Samuel. O estagiário é, por sua vez, tábula rasa. Sem passado e sem presente, ele aparece como num truque de mágica com os mesmos apetites que ela e se disponibiliza — de uma maneira um pouco aterrorizante — a saciá-los. Com seus olhos de doido, ele implacavelmente flerta com a chefe, chegando até a ficar de vigília do outro lado da rua do escritório para vê-la abrir um envelope que promete uma manhã de prazeres num hotel meia-boca. Dá certo. Romy passou vinte anos reprimindo sua sexualidade e, após mastigar uma gravata com o cheiro do suor de Samuel (esquecida ou deixada por ele numa festa da empresa), está mais do que pronta para mudar essa realidade.
O encontro começa com uma Romy incerta, vestida de preto pela primeira vez nas nossas telas. Uma blusa transparente, um sutiã azul escuro, uma saia justa, saltos altos. Ela entra no quarto escuro, senta na cama, acha um cabelo perdido. Samuel chega minutos depois com uma sacola de compras (ele mora no hotel? ele tem casa? de onde ele veio?). Os dois entram numa discussão sobre o que está se passando e eventualmente conseguem iniciar uma cena — algo para o qual eles ainda não possuem vocabulário. Deitada imóvel no carpete vermelho do hotel, Romy tem seu primeiro orgasmo com um parceiro.
A relação progride rapidamente. Ela invade banheiros corporativos para uma rapidinha e eles se encontram em becos próximos a empresa, mas nada volta a ter o tom explicitamente fetichista da cena no hotel. Tudo muda, porém, após Romy decidir romper o que quer que tenham, porque Samuel foi entregar um computador em sua verdadeira casa, fora da cidade, e viu sua família. Essa cena é particularmente interessante (e cômica) porque a vemos chegar num justíssimo vestido preto transparente de renda e seu marido prontamente ignorar o estagiário sentado à mesa, relatando suas mais variadas histórias de vida, para comentar “essa roupa é nova? você está muito gostosa”.
Ela termina com Samuel sob o pretexto de que ele é muito novo, teoria que é rebatida por ele, e que pode machucá-lo. Outro momento muito interessante (e cômico) do filme, porque ele responde que não tem fetiche em milfs e que estão apenas se divertindo. Quem fica absurdamente devastada é a própria Romy, que passa os dias seguintes arrependida e tentando reatar a relação. Após ser insistentemente rejeitada, consegue marcar uma reunião com ele na qual chegam num acordo. A dinâmica nessa cena é particularmente ambígua, pois vemos Samuel explicar o que é consentimento para Romy ao mesmo tempo em que a coage a desempenhar um papel completamente submisso. Essa é mais uma instância na qual vemos acontecer algo para o qual ambos não tem vocabulário — é claramente uma cena que articula a dominação e o desejo de ceder, mas a ambiguidade cria um efeito desconcertante similar ao de ver Samuel em vigília na noite do envelope.
O novo relacionamento é pautado por inclinações fetichistas. Romy orquestra um encontro num hotel de luxo, no qual pratica novamente pet play e posteriormente assiste Samuel dançar ao som de “Father Figure”, do George Michael, sentada numa cadeira que lembra um trono. Pouco tempo depois, ela descobre que Samuel está namorando sua assistente e, em um pequeno surto durante uma festa de aniversário, ressalta que “ele é dela” — ao que ele responde “aquele homem logo ali não é o seu marido?”. Após respirar muito fundo, Romy aceita a situação e um convite para frequentar um techno. Os dois dançam juntos a noite inteira e acabam num local escuro, conversando sobre gostar de BDSM. Samuel, que anteriormente havia confessado se assustar consigo mesmo, reitera que o relacionamento heterossexual tradicional que possui com a assistente mostra um lado dele mesmo mais… normal e que ele gosta disso.
Eventualmente, Romy conta ao marido sobre o caso. Diz que foi com um desconhecido e porque precisa da sensação de perigo. Ele descobre sem muitas delongas que foi com o estagiário, porque pega os dois de papinho, molhados após nadar na piscina da casa da família. Os homens saem no soco e depois sentam para uma terapia de trisal na qual Samuel diz ao marido que ele está desatualizado no assunto sexualidade. Ele some da narrativa em seguida, indo estagiar no Japão. O marido de Romy a perdoa e ela lhe comunica como gosta de ser tocada. O filme acaba no apartamento de luxo de casal: Romy de barriga para baixo e imóvel como na primeira cena de pet play, o marido trabalhando assiduamente para levá-la aos finalmentes e, enfim, um orgasmo. Entrecortando os gemidos de Romy, vemos imagens de Samuel. Ela sorri. A tela fica preta.
Todas as informações que despejei no leitor são cruciais para que cheguemos na peruca.
Comecemos pelo estagiário tábula rasa. Samuel não ter passado ou presente e ser impedido de um futuro nas telonas faz com que ele seja a fantasia perfeita. Se ele não é nada, ele pode ser o que Romy quiser. No hotel de luxo, ela pergunta qual o signo dele e ele imediatamente desconversa, falando que não acredita nessas coisas. A audiência pode, então, teorizar se ele é um homem de terra ou ar, assim como Romy. Ele, que não tem função narrativa para além de ser o que ela mais sonhou sexualmente, a leva numa jornada de experimentação. Porém, ao mesmo tempo, Romy não é uma garota que foi vendida aos dezenove anos para a banda One Direction e sim uma mulher com Questões, por isso essa jornada de experimentação é bem pouco sórdida. Quando vemos nossa protagonista ruiva invadir um banheiro enquanto o estagiário faz xixi, existe uma tangência com certos fetiches urinários, mas esses fetiches nunca se concretizam de fato.
Além disso, a justificativa de Romy para o marido de que “precisa do perigo, precisa sentir que tem algo a perder” para que sinta prazer se prova uma grandíssima historinha. No primeiro encontro, Samuel pergunta para ela se a ideia de que ele pode destruir a carreira dela com um telefonema a excita — a resposta é um relutante sim. Mas sabemos, enquanto audiência, que isso também é balela, porque ninguém ao redor dela liga para isso. A questão da diferença de idade pode ser facilmente atenuada se levarmos em consideração a insistência de Samuel de que ele não é tão novo e que o ator que o traz a vida tem quase trinta anos. O caso também não traz grandes problemas familiares — o marido a perdoa, a filha mais velha acha ótimo que a mãe esteja se divertindo. O que exatamente Romy tem a perder nesse cenário? Nada. Na minha interpretação, essa historinha furada é mais uma instância de não ter vocabulário para articular o que exatamente a excita numa dinâmica de dominação. Essa temática da insuficiência da linguagem e da comunicação é levantada várias vezes durante o filme, inclusive quando a protagonista afirma que terapia convencional não funciona para ela — ela não consegue se expressar.
As roupas pretas transparentes marcam momentos em que Romy se sente mais confiante, mas os sentimentos de vergonha atrelados a se vestir dessa forma fazem-na mudar de ideia. A peruca (sim! ela mesma!) também é outro marcador do controle implícito que ela mantém em todas as situações, mesmo que não seja intencional. Quando vemos as cenas de sexo entre a ruiva de loja e o estagiário, somos confrontados com a realidade de que tudo entre eles é muito… prístino. Não há suor, o leite que ela lambe do pires é rapidamente limpado, o penteado se mantém sobrenaturalmente no lugar. O fetiche em que Romy se permite engajar é digerível, explicável, contido… quase robótico. Os momentos de descontrole ocorrem fora do quarto, como quando ela tenta engolir a gravata suada, mas são rápidos. A normalidade ainda é importante demais para ela para que a relação se torne mais voraz. O mesmo pode ser dito sobre Samuel, que se preocupa demais com “ser diferente” para assumir um papel real de dominador. Por isso, tudo acontece com um enorme atraso. Eles não procuram, não aprendem e não utilizam termos de BDSM mesmo que reproduzam — dentro de limitações — a dinâmica. Quando os dois chegam num ponto de mais intimidade para uma maior exploração, o caso acaba e Samuel é exportado para o Japão. Ao final, vemos Romy capaz de se comunicar um pouco mais do que no início, mas ainda fantasiando com Samuel e o cachorro (pet play?), mesmo com o marido logo ao lado. Ela regressa à sua vida de mãe, esposa e CEO um pouco menos reprimida, mas ainda com apetites inomináveis.
Nessa interpretação, a peruca assume um significado mais profundo. Ela é simbólica, assim como os cachos de Andie Anderson, dos desenrolares psíquicos da personagem. A peruca nos mostra que Romy, devido a pressão por normalidade, deixa seus desejos de lado e volta ao seu lugar na sociedade capitalista e patriarcal. Ela tem um orgasmo final sem um fio de cabelo sair do lugar! Trajando um pijama de seda! Seria uma alegoria, então, de como o desejo e o erotismo (especialmente o feminino) são incompatíveis com o modelo de sociedade em que estamos inseridos, baseado primordialmente em produtividade (lembremos dos robôs da Romy), individualismo e compartimentalização. A vulnerabilidade da prática de uma cena fetichista é antitética a esses princípios, assim como é antitética a ideia de normalidade incutida em nossas cabecinhas pelo conservadorismo. Por isso, Romy se contenta com encaixar uma pequena parcela de sua sexualidade no seu casamento, enquanto secretamente ainda fantasia com Samuel. Ela compartimentaliza para que possa voltar a funcionar adequadamente como CEO de uma empresa e como mãe de família.
OS FINALMENTES
Que linda análise, não é?
O único problema é que a diretora não viu nada disso. A interpretação que a audiência deve tirar de Babygirl é que, após o potencial destruidor do desejo de Romy de fato destruir tudo, ela consegue reconciliar cada aspecto de sua vida novamente. Seu casamento se torna mais satisfatório agora que ela sabe se comunicar e, quando vemos Samuel nos instantes finais, ele está de saída. Ela sorri porque acabou e porque aprendeu algo novo! Para Reijn, o filme é sobre uma crise de meia idade e sobre aceitação (superação da vergonha), duas coisas que são concluídas positivamente ao final. Isso é engraçado por inúmeras razões. Ao mesmo tempo em que é óbvio que essa é a lição que ela quer nos passar, a ideia não cola. Primeiro porque a abordagem de BDSM no filme é baseada no contraste entre fetiche e normalidade, algo que alguns de meus inimigos (Sally Rooney) também adoram fazer. Então, fica meio implícito que o que Romy precisa é superar isso (é assustador, é antiético, destrói famílias) e incorporar uma versão mais palatável do que ela gosta dentro de uma estrutura tradicional já definida (o casamento). Babygirl, em sua essência pura, é curiosamente moralista. O que Reijn quer nos mostrar não é um retrato complexo da sexualidade feminina e as nuances da submissão, mas sim, como ela mesma diz, problemas como a lacuna do orgasmo e fetiches relacionados ao local de trabalho. Nessa mesma entrevista, ela também diz que existe um elemento de comédia de costumes no filme. A pergunta que fica é: se de fato é uma comédia de costumes (eu não vejo como seria, o tom não funciona para o gênero), o que exatamente ela quer satirizar aqui?
Babygirl, assim como muitos outros filmes, funciona melhor na minha cabeça do que na realidade concreta. Até hoje não sei dizer se gostei ou não do filme, porque, ao mesmo tempo em que a minha interpretação é ótima e me diverti com a peruca, a realidade é menos lúdica. Essa onda de millenials criando arte interessada em ressaltar a normalidade e apontar comportamentos desviantes me preocupa. É uma vertente mais sorrateira de conservadorismo, que sussurra em nossos ouvidos sobre tradições e instituições e capitalismo, ao invés de gritar ou falar na televisão diretamente do palco de uma igreja evangélica. Saí do filme com uma sensação de não sei e continuo com uma sensação de não sei. A única coisa que posso concluir é que Nicole Kidman precisa de melhores especialistas capilares, porque a situação já está mais do que feia. Está horripilante.
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Uso a palavra “cena” aqui no sentido BDSM (período de tempo restringido durante o qual as atividades relacionadas a um fetiche acontecem), a não ser confundida com a cena cinematográfica.